Homenageado da Micareta de Feira 2025, Juraci Dórea construiu uma grande carreira ao longo dos seus 80 anos. Artista visual, arquiteto e poeta, ele chama atenção com elementos voltados ao sertão nordestino e pela valorização da cultura popular.
Natural de Feira de Santana, onde ainda mora e trabalha, o baiano se dedica às artes desde os anos de 1960, quando ainda era adolescente.
“Comecei a fazer arte de forma espontânea e ainda muito jovem. Primeiro, fiz desenhos e depois, pinturas e esculturas. Minha primeira exposição foi realizada, em 1962, na Biblioteca Municipal Arnold Silva, em Feira de Santana”, contou em entrevista ao g1.
O feirense se graduou em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), porém ficou conhecido principalmente por sua atuação nas artes visuais.
No currículo, Juraci coleciona participações em importantes eventos nacionais e internacionais, como as Bienais de São Paulo (1987 e 2021), de Veneza (1988), de Havana (1989), do Mercosul (2015) e da 3ª Bienal da Bahia (2014).
Ao longo da carreira, o artista desenvolveu séries como “História do Sertão”, “Fantasia Sertaneja” e “Cenas Brasileiras”. Na pintura, ele se inspira em ilustrações de folhetos de cordel, com a memória de Feira de Santana e com as tradições populares da cidade.
Entre os trabalhos mais conhecidos de Juraci, estão: “Estandartes do Jacuípe” e “Projeto Terra”. Neste último, lançado em 1982, ele utilizou couro, galhos e elementos da paisagem para criar esculturas integradas ao ambiente sertanejo. A proposta era aproximar a arte do cotidiano e reafirmar o sertão como território de criação.
“O sertão é um grande museu. A principal referência para meu trabalho sempre foi o sertão. Minha obra pode ser entendida como um diálogo com o sertão, com a cultura nordestina e com a história da arte”, afirmou.
Foi em Feira de Santana também que o baiano assumiu um cargo importante. Entre 1994 e 1996, ele foi diretor do Departamento de Cultura do Município. Neste período, Juraci idealizou o Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana.
Pai de três, o artista cita com orgulho de uma filha, que, assim como ele se aproximou da arte. “Ela é fotógrafa e estuda literatura”, revelou.
A homenagem na Micareta de Feira deste ano se soma a outras recebidas nos últimos anos. Em 2023, Juraci foi o artista homenageado do Festival Literário de Feira de Santana (Flifs), promovido pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Já em 2024, teve obras usadas como inspiração de uma coleção desfilada na Casa Cor Bahia, assinada pelo estilista Moab Barros.
“É sempre gratificante perceber o reconhecimento do meu trabalho. Trata-se de uma produção que, no fundo, foi dedicada a Feira de Santana”, afirmou.
Segundo Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, além de Juraci Dórea, a identidade visual da Micareta de Feira buscou inspiração em outros dois pilares, que formaram o tema “Arte, Axé e Alegria”:
- Os 40 anos da Axé, gênero musical que nasceu no coração da Bahia e se tornou um dos maiores movimentos culturais do Brasil
- A alegria da Micareta de Feira, festa tradicional que arrasta multidões há 83 edições
- A homenagem a Juraci Dórea, que, aos 80 anos, é um dos maiores nomes da arte brasileira, reconhecido por unir arte e sertão em obras que dialogam com a paisagem, a tradição e a modernidade
Fonte : G1 BA
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